20 de abr. de 2010

COM OUTROS OLHOS

— A estação Penha fica para a frente ou para trás?

Quando resolvi sair de casa hoje para enfim conhecer o Masp (sim, vergonha!), jamais pensei que o que mais me chamaria a atenção não seriam os quadros do Van Gogh nem os de ninguém. A pintura mais expressionista, mais surrealista e mais concretista apareceu diante de mim, montada numa bicicleta, com um papel na mão e sotaque nordestino. O cara estava na avenida Paulista e queria saber para que lado ficava a estação do metrô — para chegar a ela, presumo, de bicicleta. Ao mesmo tempo, a pintura mais impressionista, mais romântica fui eu mesmo, que me limitei a dizer um “Esta estação não fica nesta linha”, deixando o cara para trás assim que o farol abriu para eu atravessar.

Não demorou dois segundos para o remorso virar meu companheiro de passeio. Pensei imediatamente nos dias que passei no interior da Bahia, há bem pouco tempo, e transportei aquele cara de lá para o meio da Paulista, montado numa bicicleta e procurando uma estação que fica a, no mínimo, quinze quilômetros dali.

Que desespero pensar em alguém recém-chegado na cidade grande! São Paulo é brutal! O que não estaria passando na cabeça daquele senhor provavelmente acostumado a paisagens sem prédios nem avenidas? E o pior, o que estaria ele pensando das pessoas de São Paulo que nem sequer o enxergavam perdido? Um mundo de gente, indo e vindo sem parar, que, como eu, não se digna a boas-tardes nem a ajudá-lo a encontrar uma tecnicamente simples estação de metrô (mas que fica tãããão longe, dá até preguiça de explicar). Quantos de vocês não fariam a mesma coisa?

Foi assim que eu me vi mais um paulistano besta.

E vi também São Paulo de pelo menos dois jeitos diferentes, coisa que há tempos não acontecia. Vi como ela pode ser difícil para os poucos turistas que vêm para cá e se esforçam em conhecê-la e como pode ser dura para todos aqueles que chegam aqui e procuram se encontrar.

4 comentários:

Danilo disse...

Calma, Denis. Isso só pode ser mais um teste de preconceito do "Legendários". Já fizeram com negros, gays, loiras... Só falta fazer com os nordestinos!!

Thiago Lasco disse...

Não generalize. Nem todos nós paulistanos somos assim, seu... seu... seu monstro insensível! :P

Bom, se vc estivesse dentro do carro, o sinal abriu e tinha um monte de carro atrás prestes a buzinar, tudo bem. Mas sendo pedestre... não precisava fazer a egípcia, né? ;)

Denis disse...

Participar do programa do Marcos Mion? Deus que me livre! Prefiro fazer a egípcia!

Anônimo disse...

que coincidência! neste último domingo (25/04) fui conhecer o masp também. moro em sp há 15 anos e não tinha coragem de entrar lá porque achava (e acho) que qualquer hora ia (vai) cair. mas me garantiram que é seguro.