31 de mar. de 2009

INFIERNO ASTRAL

Marzo llega a su último día y me duele la garganta. Pero Susan Miller -a quién no debo leer pero ya he leído- dice que abril será un buen mes...

Y es así que los taurinos damos la bienvenida al infierno astral.

¿Qué me van a regalar de feliz cumpleaños?

27 de mar. de 2009

MODELANDO

Lu Gimenez disse uma vez pra Ângela Bismarchi que ela (a Ângela) não era modelo p*rra nenhuma. Modelo era ela (a Lu). A Bismarchi, se muito, podia se considerar "modelo de nu".

Pois bem, hoje quem entrou pro rol dos modelos fui eu: como modelo de mão. Estaria aí uma nova vocação pra mim? (Se bem que eu preferia ser qualificado como "modelo de nu" também...)

Mas, por enquanto, fico felizão só de pensar que, na legenda da TV, já podem colocar:

DENIS FRACALOSSI
Editor, empresário e modelo

DANÇA DAS CADEIRAS

"We dance round in a ring and suppose
But the secret sits in the middle and knows"
(Robert Frost)

O Tattu foi pros Estados Unidos e o Guedes está na Austrália. O Márcio também está por lá, na terra dos cangurus. A Letícia está indo morar no Rio e já tem até celular 021. A Fabiola veio de Caracas pra São Paulo, ainda não achou onde morar, não decidiu se vai ficar, mas está aqui. A Raquel continua em Osasco — essa, não tem quem tire de casa. O Lucas já quis voltar pra Joinville. A Telma foi pra Buenos Aires e continua por lá até hoje. Sem falar nos amigos que já foram e voltaram de Londres...

Será que Saturno está brincando de dança das cadeiras e colocando a gente pra protagonizar uma versão na vida real de Bailando Por Un Sueño?

I don't know. Só sei que, falando de sonho, hoje eu sonhei que balançava numa rede suspensa no céu e, como eu tava dentro da rede, com medo da altura, não via a paisagem linda que havia pra olhar. A Fabiola estava do lado de fora da rede, pendurada, sem medo, e voltou extasiada do passeio.

Se Mick Jones já se perguntou isso, por que eu não poderia fazer o mesmo — Should I stay or should I go?

20 de mar. de 2009

O MELHOR PRESENTE


Desisto. Juro que estou há mais de cinquenta minutos na frente deste computador tentando escrever um post decente sobre você, mas não está saindo. É muita coisa pra dizer, tem um Hitler me policiando pra não ser brega demais, tem outro Hitler me policiando para ser perfeito, as ideias estão totalmente fora de ordem, você sabe que minha cabeça está no modo centrifugar da lavadora ultimamente, o relógio tá me dizendo pra ir rápido e passar mais cedo na sua casa...

Mas não teria como eu publicar isto aqui sem dizer pelo menos que eu amo muito você.

Mari, vou ser eternamente grato pelas frutinhas que ganhei de sobremesa naquele dia, dez anos atrás. Eram horríveis, você bem sabe, mas como imaginar que um presente muito maior, o mais importante de todos os que eu já ganhei na vida, estava nascendo justamente ali!

Brigadão por você existir. E feliz aniversário!

<3

18 de mar. de 2009

O JOGO DO GATO E DA BARATA

Quem é que nunca brincou de gato e barata? A barata é pequena, vem do ralo e é suja. Ela foge fácil, se mete nos buracos e ainda sobrevive se explodir uma bomba atômica. O gato se acha esperto, diz que tem sete vidas, mas come rato, tão ou mais sujo que a barata. Com a barata o gato só brinca. A barata se desespera, antenas balançando e patinhas agitadas. O gato olha e fica no controle. Joga a barata de um lado para o outro, dá patadas e no fim vai embora. Que bicho desprezível. O gato, lógico. Mas quem é que não prefere ser gato? Se bem que às vezes parece que a gente nasceu pra barata.

ACNÉ

Aujourd'hui il sent sa vie comme un gros jaune bouton en train d'exploser. Ça peut être très bon parce que son corps expulsera la bactérie. Mais il y a toujours un peu de sang quand on presse un gros bouton.

13 de mar. de 2009

WENDY SULCA

Para animar o fim de semana do meu público e fazer a audiência do blog subir explorando a pobreza, crianças, o duplo sentido nas músicas ruins e tetas, vai aí uma obra-prima da latinidade.

Rola uma excomunhão nesse caso também?

12 de mar. de 2009

CINCO SENTIDOS XTREME

Queria saber até que ponto pode ir essa exploração das sensações que temos visto no mercado publicitário recentemente. Imaginem se nos anos 80 seria possível pensar em tomar banho com um sabonete líquido com cheiro de morango com chantilly. Juro que, quando experimentei o de creme de chocolate, fiquei com vontade de comer o sabão. O jeito é não ir ao supermercado quando se está com fome mesmo.

Tem também os produtos com cheiro conceitual: rock star, karma, explosão pink... Mas aí é uma coisa muito mais subjetiva. Até porque o cheiro de uma coisa pra um não é o cheiro da mesma coisa pra outro. Aliás, quem garante que mesmo o cheiro de flores do campo seja igual pra mim e pro meu vizinho? Mesmo assim, tem coisas que têm um cheiro marcante pra gente, e ai de quem discordar! Quem nunca sentiu, afinal, um cheiro de infância, um cheiro de Estados Unidos, um cheiro de quando eu arranquei o dente do siso...

No gênero alimentício, eu me divirto com as coisas que têm gosto de outra coisa com gosto: barra de cereal sabor mousse de goiaba, bolacha sabor torta de limão, biscoitinhos sabor pizza (de quê?). Bom, pelo menos rola uma tentativa de evitar os clichês saborísticos de cada temporada: já foi a época do tomate seco com rúcula, do champignon, da mussarela de búfala, da mussarela de búfala com tomate seco e rúcula. Estamos agora no final da era do alho-poró (e eu aposto no brócolis como próxima vedete, marquem aí).

Enfim, a grande verdade é que não dá pra ter muita ideia de onde isso tudo pode parar. Especialmente se os publicitários resolverem se inspirar naquelas pessoas que têm uma capacidade fora do comum de inter-relacionar os sentidos. Quem sabe na década de 2030 a gente não vai estar tomando banho com um sabonete gasoso com cheiro de Nona Sinfonia ou comendo uma bolachinha com sabor de ventos alísios?

10 de mar. de 2009

PROFÉTICO

"A igreja é a pior coisa que a humanidade já produziu. Mas o apocalipse está chegando, graças a Deus."
(Denis Fracalossi)

6 de mar. de 2009

QUESTÃO DE RESPEITO

A carta saiu na seção Correio do Guia da Folha de hoje:

"No dia 29/1, na sessão das 17h40 de 'O Curioso Caso de Benjamin Button', no Bristol, permaneci na sala ao final do filme, durante a exibição dos créditos, como tenho o costume de fazer. Senti-me pressionado a deixar a sala, tanto pela equipe de limpeza, que começou o trabalho antes do término dos letreiros, como por outros funcionários, que passavam ao meu lado com cara emburrada ou se posicionando estrategicamente perto de mim. Deixo aqui um pedido para todos os cinemas: respeitem os créditos do filme e, principalmente, aqueles que gostam de permanecer na sala até seu término." (G.S., 24, funcionário público)

A gerente de marketing da Playarte lamentou o desconforto do leitor e prometeu instruir os funcionários do cinema para que situações do tipo não voltem a acontecer.

Mas eu, que vou há dez anos ao Bristol, ao Espaço Unibanco, ao HSBC, ao Reserva Cultural e a tantos outros cinemas de arte de São Paulo, até hoje ainda não entendi uma coisa: por que que algumas pessoas ficam vendo os créditos do filme com cara de conteúdo, como se aquilo fosse realmente parte da obra e merecesse ser respeitada? Aliás, o que seria respeito, nesse caso? Assistir a um monte de nome subindo num fundo preto? E por acaso será que o respeito é tão grande mesmo a ponto de fulano lembrar o nome do assistente de iluminação ou do homem na fila do caixa #5? Haja!

5 de mar. de 2009

PÉROLA NEGRA

Vez ou outra somos brindados com verdadeiras pérolas editoriais. Digo verdadeiras porque notícias do tipo "Susana Vieira supera a tragédia pessoal e renasce no Carnaval — Sou como a fênix, sempre ressurjo das cinzas" (revista Conta Mais, 2/3/2009), aparentemente uma pérola, de tão manjadas, chegam a dar vontade de dar um tiro na cabeça. Sem falar no bode que essa Susana Vieira causa. Dia desses li que ela quer ser a Hebe da Globo. Ah, pqp! Tem gente interessada MESMO se ela vai pra Praia da Barra três ou quatro vezes por semana?

Notícia boa é uma que a Mari me mandou hoje, do UOL, dada a excentricidade do tema. Não vou nem falar nada de antemão — vamos a ela, e com comentários, já que é disso que meu povo góishta. (Vou transcrever o texto em vermelho, pra não criar confusão. Mas ele pode ser lido diretamente também neste link; aí, sem os comentários...)

Paulo Betti se encantou por Burkina Faso, o país do cinema na África

Ahn, tem país do cinema na África?

Da Redação

Encravado no noroeste do continente africano, um país com praticamente o mesmo tamanho que o Estado do Tocantins e 14 milhões de habitantes arrebatou o coração de Paulo Betti. Burkina Faso, que faz fronteira com seis países, entre eles Costa do Marfim, Níger e Gana, atingiu seu ponto fraco. "Encantei-me pelo país e sua capital, Ouagadougou, onde, a cada dois anos, todos respiram cinema", diz o artista.

1º: O nome da capital de Burkina Faso. Não tem como não achar engraçado. Tenta falar então! UÁ-GADUGU. Nada mais... africano! Ótimo!
2º: Todos respiram cinema? Meu Deus, eles não devem nem ter o que COMER, como que vão TODOS respirar cinema?

A capital sedia o Fespaco (Festival Panafricain du Cinéma et de la Télévision de Ouagadougou, na língua oficial do país, francês), um evento internacional tão importante que é conhecido como 'Cannes da África'. "É impressionante como em um país pobre, numa cidade pequena da África, a população venere o cinema. Mais impressionante ainda é que nos anos em que não acontece o festival de cinema, tem o de teatro. Não é lindo?"

Cannes da África? Não teria como não ser lindo mesmo... E Gramado (se bem que agora tem festival de cinema em Paulínia), também é Cannes brasileira?

O festival acontece desde 1969. Por isso, Burkina Faso, apesar de ainda ser um dos países mais pobres do mundo, habituou-se a receber muitos turistas, de todo mundo. "A população é muito gentil e adora receber os visitantes.

Mas lógico. Eles precisam do dinheiro dos turistas pra poder COMER...

Há excelentes hotéis e a comida local é muito boa. Meu restaurante preferido é o Le Tan Tan, que serve um peixe delicioso, chamado Captain. Também descobri em Burkina Faso que do gengibre se faz um suco delicioso, que raspa a garganta, mas que é especial para aliviar a sensação de poeira do deserto", diz.

Afff... Gengibre com poeira do deserto. Combinação perfeita!

Paulo conta que quando esteve lá ficou mais concentrado nos filmes, mas que há opções de passeios para ver os animais, como safáris no deserto. "A paisagem é muito bonita. O país está na cabeceira do deserto do Saara".

Quando Paulo Betti esteve lá pela primeira vez, em 2007, filmou o evento e a rotina da cidade na garupa de uma moto, principal meio de transporte dos burkinababes.


Se o nome da capital já era bom, o adjetivo pátrio é melhor ainda! Mas por que não burkinafasenses?

"Imagine que entrevistei o astro Danny Glover sentado no meio fio na calçada. Lá não existe espaço para frescura", conta o ator.

KkkkKkkk... Claro que não! Pensei que não existisse nem calçada!

O resultado do material produzido por Paulo foi o documentário "Tão Perto, tão longe", lançado no Brasil e projetado durante o Fespaco em 2009. O título do filme é uma referência à proximidade geográfica e cultural entre África e Brasil e, ao mesmo tempo, à grande distância quanto à falta de conhecimento recíproco e à dificuldade de acesso entre um continente e outro. "Se olharmos o mapa, veremos que numa viagem de seis horas estaríamos em Ouagadougou. Mas somos obrigados a ir a Paris. Pronto. A viagem passa a ser de dois dias", diz Paulo.

Mas o que que ele quer? Aluga um avião então, filhote! Ou tá achando que a TAM vai abrir voo direto São Paulo—Ouagadougou? Qual a rentabilidade disso?

No continente africano, Paulo Betti também já esteve em Marrakesh, no Marrocos. Paulo adora viajar e tem uma boa lista de lugares incríveis por onde já passou e que foram muito marcantes. Pelo mundo, cita várias cidades na Espanha, como Granada, Nova York, onde morou e estudou durante um ano, e até Tóquio, onde o ator se sentiu 40 anos adiante, enquanto caminhava pelas ruas da metrópole. Já esteve várias vezes na Itália, terra de seus antepassados. "Lá, me irrito e me divirto. Adoro e odeio. Roma é meu lugar predileto".

Aqui faltaram uns ponto-e-vírgulas (prova de que eles têm sim utilidade e de que o jornalista não sabe usá-los). Parece que Nova York e Tóquio também estão na Espanha. Sem falar que "Pelo mundo, cita várias cidades na Espanha" fica particularmente engraçado.

No Brasil, a lista é ainda maior. "Adoro o interior de São Paulo, Ribeirão Preto. Gosto do Piauí, especialmente de um sítio arqueológico chamado Sete Cidades, imperdível. Porto Alegre e Curitiba, com seus sebos, adoro! No Brasil gosto de tudo: Salvador, Juazeiro, Petrolina, João Pessoa, Fortaleza...", enumera.

Paulo Betti é ator e produtor de televisão, teatro e cinema. Iniciou a carreira de ator no teatro na década de 1970 e atuou em diversas peças, novelas e filmes. Na televisão, interpretou personagens célebres como Timóteo, na novela "Tieta", de 1989, e Ramiro, na minissérie "Luna Caliente", de 1999. Atuou em dezenas de filmes, como "A casa da mãe Joana", de 2008, "Zuzu Angel", de 2006 e "Mauá - O Imperador e o Rei", de 1999. Em 2005, estreou como diretor de cinema, com o filme "Cafundó".


Pra mim, esse final é de extrema vitalidade. Não que eu seja um admirador da carreira do Paulo Betti. Longe disso. Mas esse final serve pra lembrar todo mundo de que ele fez Tieta. E, do fundo do meu coração, merece a morte aquele que falar mal de alguém que fez Tieta. A melhor novela da TV ever...

PRÓ-CRISE

Whatahell são essas mensagens do SBT pró-crise? "Com crise se cresce." Nem minha terapeuta consegue ser tão positiva assim.

Vai entender o que se passa na cabeça do patrão. Claro, porque eu não tenho a MENOR dúvida de que os comerciais do SBT são todos criados pelo SS em pessoa!

4 de mar. de 2009

A UTILIDADE DOS BLOGS

Um dos tipos de conversa que eu mais gosto de ter é aquele em que parece que os interlocutores estão absolutamente chapados, quem apenas acompanha acha engraçado mas não entende muita coisa, e quem fala, mais do que teoriza, chega a sentir as coisas acontecendo. E ontem no MSN eu tive um diálogo bem rápido desses com a Shirley, que trabalhou comigo na revista que quer dominar o mundo há longínquos 11 meses... Mais do que qualquer coisa, a conversa acabou sendo importante para achar uma utilidade pro blog (afinal, como eu disse na entrelinha do primeiro post de ontem, um blog também não passa de mais uma das abstrações do ser humano).

Ao que interessa. Eu estava mega-apressado para ir pra casa quando ela se conectou e me cumprimentou. Aí eu respondi bem rápido e, em muito pouco tempo, chegamos ao assunto "meu carro está na oficina". Ela me perguntou então detalhes da batida, e eu disse pra ela que estava indo embora, mas que tinha um texto no meu blog sobre isso, que ela podia ler por lá (por aqui). E foi assim que começou a divagação sobre a utilidade do blog: você pode relatar as coisas que acontecem com você ou as coisas que você pensa (como este mesmo post, inclusive) e depois, em conversas futuras, apenas passar o link de cada um desses pedacinhos da sua cabeça. Mais ou menos assim:

Shirley: E aí, Denis, tudo bem?
Denis: http://blogdodenis.com.br/o-dia-em-que-nao-esta-tudo-bem-porque-bati-o-carro

Óbvio que, mais pra frente ainda, especialmente quando as pessoas têm muitas dúvidas recorrentes, como é o caso de todo mundo, as próprias perguntas poderão vir como URLs também:

Shirley: http://blogdashirley.de/sera-que-vai-chover-hoje
Denis: http://blogdodenis.com.br/link=previsao-do-tempo-nas-capitais-do-meu-brasil
Shirley: http://blogdashirley.de/queria-tanto-ir-pra-praia
Denis: http://blogdodenis.com.br/link=www.companhia-aerea.com.br/compre-passagem-para-a-bahia

E eis que assim a revolução vai sendo televisonada — os blogs todos hospedados no Google —, sem que a gente nem sequer se dê conta do que acontece. Ou vocês já pararam para pensar que foi a gente mesmo quem trouxe uma câmera pra dentro de casa para nos filmar?

3 de mar. de 2009

E POR FALAR EM ABSTRAÇÃO...

O homem é mesmo um ser político, como já dizia o outro lá, entre aspas. Resta saber da onde que veio essa abstração, uma das minhas maiores inquietações nestas vésperas de entrar para o Clube dos 27. Porque a sensação que eu tenho é que é justamente essa abstração exagerada que caga a maior parte das coisas.

Hoje, em menos de uma hora, recebi dois e-mails convidando pro ato contra a Folha, que chamou a ditadura de ditabranda, numa história que está o maior rebuliço no mundo dos formadores de opinião, dos intelectuais e dos aspirantes a.

Bom, eu também adoro bagunça, mas não vou levantar cedo pra ir até o centrão me manifestar contra a Folha, por mais que eu também não concorde com eles terem chamado a ditadura de ditabranda. Na verdade, acho que isso foi mais um joguinho de palavra babaca de algum jornalista igualmente babaca (pleonasmo?) que queria ganhar um elogio do chefe pra subir na carreira. (Trabalhem na Veja pra vocês verem como esse tipo de gente existe aos montes, é desprezível — e não merece nem um terço desses e-mails que têm circulado na internet.) Ou talvez eu até levante cedo sim, vá ao centro e tudo mais, mas vai ser para passear com minha amiga venezuelana que chega imigrante ao Brasil nesta quinta-feira, fugindo do país da ditadura (ou branda) de Hugo Chávez — aliás, como as histórias se encaixam...

Olha, apesar de acreditar que "opinião é como bunda: todo mundo tem a sua, mas ninguém precisa ficar dando por aí toda hora", tô escrevendo o post pra dizer o que eu acho. E eu acho que seria muito mais eficaz, por exemplo, se as pessoas manifestassem seu repúdio parando de assinar a Folha, ou deixando de comprar os produtos que fazem publicidade na Folha... Afinal, se o jornal é antidemocrático e vocês querem calá-lo, façam-no falir. Ou então que tal uma viagem para a Venezuela ou pra qualquer puta-que-pariu no meio do Brasil mesmo para lutar por quem AINDA vive em regime de ditadura, de escravidão? Escrever e-mails e manifestos numa janela do Word é deliciosamente fácil. Ainda mais quando a viagem que se está planejando na janela paralela, do Explorer, é para Paris.

L'HOMME ET LES BALEINES

Ontem eu tinha lido em algum site da internet que umas duzentas baleias haviam encalhado numa praia australiana e pensei: "Bom, tudo poderia ser pior. Eu poderia ser uma baleia e estar encalhado numa praia da Austrália". Mas aí pensei que uma praiazinha em Sydney ou ali por perto, mesmo comigo encalhado, não cairia nada mal. Afinal, o calor que tem feito nesses últimos dias está insuportável, e até seria legal ficar umas horinhas ali (tudo bem, tudo bem, poderiam ser as últimas horas da minha vida e, se eu fosse uma baleia, provavelmente estaria desesperado e nem saberia que a Austrália é um lugar cool pra encalhar). Enfim, pobres baleias!

Mas hoje cheguei no trabalho — ainda pensando numa praia australiana pra me refrescar, tenho que admitir — e li que cinquenta e tantas baleias haviam sido salvas. Eu fiquei feliz por elas! Essas histórias de animais me comovem. Como o vídeo que a Mariana me mostrou uma vez em que cinco leoas tinham pegado um búfalo filhote, o búfalo caiu na água, ainda foi atacado por um crocodilo, mas aí veio toda a manada de búfalos amigos, as leoas recuaram e o bufalinho saiu ileso. Uma verdadeira história de superação pessoal no reino animal.

No reino dos homens (que, embora a gente sempre esqueça, também é o reino animal — e não por acaso) acontece a mesma coisa. Tem muita história de superação pessoal por aí. A diferença é que a gente escreve livros de autoajuda sobre isso, vai à igreja, inventa santos, participa de talk shows... Com isso tudo, as baleias encalhadas, a Austrália láááá longe, eu aqui no trabalho passando calor, atualizando o blog e esperando também uma salvação, a única conclusão a que chego é a de que o homem não tem nem nunca teve o que fazer. Mesmo.