"Analisando essa cadeia hereditária, quero me livrar dessa situação precária, onde o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce."
(As meninas, Xibom bombom)
(As meninas, Xibom bombom)
Pois é, não existissem ricos, também não haveria pobres. E vice-versa. Disso todo mundo já sabe. Mas o que mais me intriga, especialmente levando em consideração que tem muito, mas muito menos ricos do que pobres, é que a riqueza chame menos atenção do que a pobreza. Ou alguém aí já viu um jeep tour pelo Shopping Cidade Jardim? Pensando nisso é que eu, Cohen e a venezuelana fomos desbravar novos territórios neste fim de semana. Tudo bem, eu já tinha ido lá em outras duas ocasiões, mas só agora consegui mergulhar de forma mais inteira no complexo do alto luxo paulistano.
Pulseiras de 25 mil reais, relógios de 85 mil reais, calças de viscose de 900 reais... Quanta abstração! Mas, o estilo neoclássico à parte, não dá pra negar que o lugar é mesmo muito agradável. O terraço, então, nem se fala! E a livraria? Quanto espaço! Dá pra passar o dia todo lá dentro sem se aborrecer. Lógico, desde que você se dedique aos livros e não fique de ouvido espichado na conversa alheia, cheia de cortesias, risadas sutis e frases do tipo "Estou completamente de acordo com você". Quem fala desse jeito? Nem nas novelas do Maneco...
E tudo bem também que, ao sair do shopping, você terá um "choque de realidade" ao deparar com um busão Terminal Capelinha passando na sua frente. Mas a experiência de encontrar uma filial da Baked Potato que vende batata com recheio de caviar não tem preço! Vale o passeio! Aliás, só o nome dessa filial já é digno de todo um estudo antropológico: Baked Potato Boutique. Nada mais fino! Nada mais sofisticado! Nada mais exclusivo! Se bem que muitas vezes fico me perguntando por que é que os publicitários insistem em achar tão maravilhoso assim destacar os produtos para as classes mais abastadas com nomes do tipo Boutique, VIP, Première, Grand Elite, Special, Personalité, Prime... Será que não passou pela cabeça de nenhum deles que, vendendo as coisas desse jeito, o chique fica parecendo cada dia mais brega?
E, se as coisas continuarem assim, quem sabe um dia o preço dos apartamentos ali não fique mais acessível? Sem falar que, como já aconteceu com muitos bairros da cidade ao longo da história, aquilo lá pode perfeitamente entrar em processo de decadência. Já pensaram em 2095? Cortiço Cidade Jardim?
5 comentários:
O bom do shopping CJ é o quiosque de sorvetes da Mil Frutas - melhor se deslocar até a Marginal do que até o Rio de Janeiro!
No mais, concordo contigo que essa 'diferenciação' de produtos é superjeca. O Itaú me mandou uma carta oferecendo migração pro Personnalité e eu fiz um carão Gold pra eles.
Tenho percebido uma certa implicância com o Maneco... :/
Implicância com o Maneco? Que é isso... Aliás, quem sabe um dia não escrevo sobre o bom velhinho também! Sem falar que dentro em breve visitarei o país helênico. Tem homenagem maior ao prefeito honorário do Leblon?
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E quanto ao Mil Frutas: tem certeza que é melhor se deslocar até a Marginal Pinheiros que ao Rio? Pode ser mais perto, mas melhor, não sei não!
como eu já te disse naquele momento mágico da minha vida, vc é um gênio!
e, por falar em maneco, meo deos do céu! muita diversão com aqueles diálogos e aquelas cenas intermináveis em que tudo que se faz é beber um - só um - drink à beira da piscina. é impressionante que aquela riqueza não deixe as pessoas embasbacadas...
continuar se chocando com o CJ e viver a vida/páginas da vida/amor...vida é um sinal de que ainda não enlouquecemos...
Parabéns! Rolei de rir!!! :D
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