29 de jun. de 2009

XAVECO JURÍDICO

Para começar a semana de forma mais leve (menos crítica), uma contribuição do doutor Lucas, advogado com D mudo. Trata-se de um trecho de um acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, relatado pelo desembargador Ênio Zuliani, em que se nega indenização a uma mulher que recebera uma cantada desastrosa.

Pra quem não aprendeu ainda como xavecar uma mina, vale a lição!

"0 gracejo que se faz a uma mulher deve ter o tempero exato da cortesia intencional com o apetite sexual que se contém, para que, como em um jogo de sedução que se manipula com poucas e acertadas palavras ou gestos, se alcance o objetivo sem que o alvo da conquista possa ter tempo suficiente para agir com razão. Isso se consegue com o galanteio apropriado para a hora certa, embora uma dose de sorte nunca seja dispensável. Afinal, não há criatividade que supere a barreira da não receptividade feminina."

25 de jun. de 2009

THE KING'S GONE

É... ninguém esperaria, num dia com cara de bunda como foi hoje aqui em São Paulo, receber a notícia da morte do Michael Jackson. Por um lado, mal dá para acreditar; por outro, ele era tão bizarro que mais parecia uma múmia do que uma pessoa. Mas eu gostava muito do Michael Jackson. Acreditava nele, inclusive. Quer dizer, pelo menos eu acho que conseguia entender o que se passava na cabeça dele. Ele vivia num mundo à parte... Como ele chegou a isso é que é o grande mistério. Talvez agora com ele morto consigam dissecá-lo para estudá-lo.

Musicalmente também ele já estava morto. Enterrado. Tanto é que, quando foi anunciada essa turnê de mais de cinquenta shows em Londres, eu fiquei com muita vontade de ir. Mas os ingressos se esgotaram em pouco tempo. Eu nem tive a chance de tentar comprar. Ainda bem. Pois alguma coisa me dizia que esses shows nunca viriam a acontecer. Achei até que era mais um golpe de marketing para tentar ressuscitá-lo. Bom, isso certamente era. Porque Michael Jackson não produziu nada que possa ser considerado decente desde Dangerous — ou History, vá lá, tem alguma coisa legal neste álbum. Mas os posteriores...

As pessoas que nasceram mais ou menos na mesma época que eu são todas da geração Michael Jackson. (Eu mesmo nasci no ano em que foi lançado Thriller.) Uns gostavam mais das músicas dele, outros gostavam menos, mas não havia ninguém que não fosse capaz de reconhecer a grandeza do Jacko. Eu sempre gostei! Acho até que, se eu tivesse que participar de um programa de perguntas e respostas sobre celebridades, eu escolheria responder sobre ele — o que não quer dizer que eu tenha chegado ao ponto de ser um daqueles biógrafos que dão depoimentos sobre a vida dos personagens famosos no E! Entertainment Television. Eu gostava do Michael Jackson e acho que ele fará falta sim, especialmente pela figura lendária em que ele havia se transformado. Sempre foi muito divertido abrir a internet e deparar com novas bizarrices dele ou com as fotos de máscara.

Mas ele se foi. Quem sabe não tenha encontrado um novo mundo mais condizente com aquele em que ele achava que vivia. Michael Jackson era um sonhador.

24 de jun. de 2009

O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE MOEMA

Segundo os estudiosos de tupi-guarani, há várias traduções possíveis para o nome Moema. Uma delas é "falsidade". Outra é "doçura". Há ainda quem diga que Moema significa "aurora". Mas, no meu dicionário de tupi-guarani, Moema quer dizer "lugar de gente com sede insaciável de reforma em seus apartamentos". PQP. Nunca vi lugar pra ter tanto quebra-quebra na sua cabeça — isso que eu já morei do lado de um shopping em construção. Vai ver o povo da terra da "falsidade" acha que vai encontrar mais "doçura" morando num lugar com banheiros revestidos de Vidrotil. Ou talvez seja a tão propagada cozinha americana que vai trazer uma nova "aurora" para a vida dos meus vizinhos...

22 de jun. de 2009

SÃO PAULO FASHION WEEK

O programa que consegue imprimir prestígio e glamour aos acontecimentos mais importantes do país, que transita pelos lugares mais exclusivos do jet set nacional e internacional e que é comandado por um dos mais carismáticos e versáteis apresentadores do país foi ao São Paulo Fashion Week, como não poderia deixar de ser. E um dos membros da equipe de repórteres perguntou ao cabeleireiro japonês de cabelo comprido, que cobra milhares de reais por uma "make", o que ele achava que seria tendência para o verão 2010. Ele disse:

— Muito metal, com tonalidades mais ligadas ao verão, como o vermelho, o laranja e o amarelo. Ou outras mais ousadas, como um verde ou um azul, para as mulheres mais despojadas. E nunca se esquecendo do preto também, sempre para realçar. E a bochecha rosada, denotando saúde. Essas são as tendências de make para o verão 2010 que estão sendo apresentadas nas passarelas do São Paulo Fashion Week hoje, mas que já vão ser vistas nas ruas a partir deste inverno.

Uma outra repórter, cobrindo o desfile de um renomado estilista brasileiro, com lojas em algumas cidades do mundo, e que gosta de pagar de DJ com certa frequência, conversou com uma modelo já veterana, que hoje só desfila para o dito estilista:

— Reparem que a modelo está sem maquiagem hoje. E é linda! Vejam essa cara, essa pele.

A modelo (tenho certeza que ela é o molde da caveira em que o estilista se inspira para suas estampas) sorri e agradece. A repórter continua:

— Mas com quantos anos você está?
— Trinta e sete.
— Parece bem menos!

A mesma repórter, vestindo uma blusa de oncinha, encontra outro estilista e pergunta:

— É verdade que a estampa de oncinha veio para ficar?
— É verdade sim. Ela já está aí há quatro ou cinco anos e veio para ficar.

Da papisa da moda, ela quer saber se mulheres acima dos 50 podem abusar da minissaia.

— Bom, eu tenho as pernas lindas, então eu posso usar. Mas é lógico que não dá para dispensar uma meia-calça de tonalidade opaca. E minissaias não tão curtas, pelo amor de deus.

A jornalista loira, com cabelo à la Victoria Beckham (ou seria Rihanna, enfim, nota 10 de criatividade), é a próxima entrevistada:

— E o que você está achando dessa edição do São Paulo Fashion Week?
— Olha, hoje é só o primeiro dia. Mas já deu pra sentir que as grifes vieram todas muito bem, mesmo eu só tendo assistido ao desfile de uma delas. Há um abuso de texturas e tecidos, com cores mais clássicas e outras mais ousadas, características da estação. Os cortes também oscilam entre o clássico e o inovador, demonstrando uma tendência que já pode ser vista nas passarelas de Milão, Nova York e Paris.

Na sequência aparecem alguns representantes do populacho, que certamente estão ali de bicão e que são imediatamente agulhados por outra repórter:

— Você acha que sua roupa é fashion?

E o show de horror termina (pelo menos para mim, que desligo a televisão depois disso tudo) de uma maneira jamais esperada:

— Já se pode dizer que São Paulo está no mapa-múndi da moda?
— Olha, não dá.

E assim vou dormir com a certeza de que tem gente inteligente no meio da moda sim! Porque para falar todo o resto, convenhamos, não é preciso nem meio neurônio.

19 de jun. de 2009

COMO UMA LUVA

Achei a seguinte tirinha hoje. Como o tema é recorrente no blog, seria injusto não postá-la aqui.


Se estiver ilegível, é só clicar nela que aumenta.

Bill Waterson. A vingança dos oprimidos — Uma coletânea de Calvin e Haroldo. São Paulo: Cedibra, 1991.

17 de jun. de 2009

"BABACA" TAMBÉM TEM 3 "A"

Trezentos conto pra entrar numa balada? (Milão se o DJ for gringo, mesmo se ele for um zé-mané do Curdistão...) Uma garrafa de Veuve Clicquot por 3 mil reais, servida com as luzes da balada todas apagadas e foguinhos piscando até o champanhe chegar à mesa? Será que a babaquice dessa gente não tem fim?

Às vezes dá vergonha morar em São Paulo.

Fico pensando quando a profecia do Leandro vai enfim se concretizar e todo esse bando vai começar a se jogar do alto dos seus prédios neoclássicos. É a chuva da classe média alta paulistana! Porque não é possível que tanta futilidade e tanta falta de noção do que é o mundo real sejam eternas... Alguma hora tem que cair a ficha desse povo. Será que vamos estar aqui para ver?

A notícia toda está neste link.

5 de jun. de 2009

MANUAL CARAS DE REDAÇÃO E ESTILO

Talvez nenhuma outra revista atual contribua tanto para a inovação da língua portuguesa quanto a Caras, aquela velha companheira de tantas salas de espera Brasil afora. Muito mais do que informações sobre a vida das nossas celebridades mais queridas, o que encontramos nas páginas da Caras são exemplos de um estilo novíssimo que, como diria Narcisa, de petit à petit vem ganhando as ruas.

Não tardará, certamente, para você receber um convite para a BODA de algum amigo. Ainda mais se se tratar de alguma famosidade, afinal no mundo de Caras não existe casamento. E, depois da cerimônia (em alguma ilha da Oceania ou com algum padre-de-televisão), é sempre hora da festa, hora de a noiva roubar a cena com um look simples, porém com muita elegância, BY qualquer Ronaldo Ésper da vida. Pra que usar as preposições em português, não é mesmo?

E por que também não ousar na transitividade dos verbos? Aquela chatice do "quem faz faz alguma coisa" é totalmente dispensável, numa tentativa mais do que evidente de o jornalista ganhar espaço para encher a reportagem com mais e mais glamour. Não foi alguns dias depois daquela mesma festa que a fulana RECEBEU em um brunch elegante? Pobres convidados, pobres amigos que, de tão desprezíveis, nem na frase entraram.

Trapos devidamente juntados, é hora de casa nova (ia dizer "quem casa quer casa", mas não posso me esquecer que na Caras só rola boda). Chovem nomes de arquitetos em textos to-tal-men-te descompromissados. E, rodeados de tanto merchandising, marido e mulher poderão finalmente curtir o DÉCOR (no masculino mesmo, esbanjando atrevimento!) do novo loft. Isso que é vida!

Mas união que se preze só fica completa mesmo quando vêm as crianças. E as pobres coitadas, que nem podem escolher se querem ou não aparecer na revista, já são logo fotografadas para mostrar a felicidade descomunal do CLÃ de famosidades.

E é assim, no meio de tantas celebridades com um livro aberto nas mãos, ou diante de um closet repleto de roupas e sapatos, que se constrói uma nova escola de redação. E de estilo — que disso, verdade seja dita, a Caras entende muito, querida.

2 de jun. de 2009

NOVOS TALENTOS

E dando prosseguimento aos meus serviços de divulgação do trabalho de gente que quer mudar de área (vide Ângela Bismarchi e eu mesmo), eis que recebi da Kiel hoje mais uma pérola.

Se você também não suporta Pedro Camargo Mariano, Jairzinho Oliveira e tantos outros nomes da nova MPB (argh!), que tal apostar na malemolência de um campeão? O novo representante da música popular brasileira é o...

...MAGUILA! (só clicar no nome dele que abre o site para ouvir a música)

Ele apostou no pagode, que tem andado meio em baixa ultimamente, depois do fechamento de tantos e tantos bares antros da heterossexualidade na Hélio Pellegrino e na Faria Lima (salve prefeita estética!). Mas há quem continua preferindo o bom e velho sertanojo. Nesse caso a dica, também da Kiel, é uma nova dupla dinâmica: Bátima e Robson. Santa madrugada!

Se bem que, em tempos de reforma ortográfica, VALE destacar a devida atenção para a marcação da proparoxitonicidade do nome do cantor! Muito bom!

1 de jun. de 2009

J'ADORE

Márcia Goldschmidt, na cobertura da Band sobre o acidente com o voo da Air France, disse que se sente especialmente comovida com o que aconteceu, já que tem uma ligação muito forte com a França. "Eu morei lá muito tempo e até hoje sonho em francês."

Foi imediatamente interrompida pelo Datena.

MALLANDRAGEM

O que estaria Sérgio Mallandro fazendo num sábado à noite num campeonato de muay thai no Pacaembu? Pelo jeito, convites vip têm estado em falta ultimamente mesmo! Se até eu entrei de graça e fiquei sentado junto com os "famosos"...