Queria saber até que ponto pode ir essa exploração das sensações que temos visto no mercado publicitário recentemente. Imaginem se nos anos 80 seria possível pensar em tomar banho com um sabonete líquido com cheiro de morango com chantilly. Juro que, quando experimentei o de creme de chocolate, fiquei com vontade de comer o sabão. O jeito é não ir ao supermercado quando se está com fome mesmo.
Tem também os produtos com cheiro conceitual: rock star, karma, explosão pink... Mas aí é uma coisa muito mais subjetiva. Até porque o cheiro de uma coisa pra um não é o cheiro da mesma coisa pra outro. Aliás, quem garante que mesmo o cheiro de flores do campo seja igual pra mim e pro meu vizinho? Mesmo assim, tem coisas que têm um cheiro marcante pra gente, e ai de quem discordar! Quem nunca sentiu, afinal, um cheiro de infância, um cheiro de Estados Unidos, um cheiro de quando eu arranquei o dente do siso...
No gênero alimentício, eu me divirto com as coisas que têm gosto de outra coisa com gosto: barra de cereal sabor mousse de goiaba, bolacha sabor torta de limão, biscoitinhos sabor pizza (de quê?). Bom, pelo menos rola uma tentativa de evitar os clichês saborísticos de cada temporada: já foi a época do tomate seco com rúcula, do champignon, da mussarela de búfala, da mussarela de búfala com tomate seco e rúcula. Estamos agora no final da era do alho-poró (e eu aposto no brócolis como próxima vedete, marquem aí).
Enfim, a grande verdade é que não dá pra ter muita ideia de onde isso tudo pode parar. Especialmente se os publicitários resolverem se inspirar naquelas pessoas que têm uma capacidade fora do comum de inter-relacionar os sentidos. Quem sabe na década de 2030 a gente não vai estar tomando banho com um sabonete gasoso com cheiro de Nona Sinfonia ou comendo uma bolachinha com sabor de ventos alísios?
2 comentários:
E se der vontade de comer a pessoa que se banhou com um sabonete de chocolate?!
Brasil e o seu cheiro de fruta pódrida. Amo isso!
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