29 de jan. de 2009

ELIZETE

Hoje foi o último dia da Elizete aqui em casa. Depois de mais de dois anos vindo fazer a faxina a cada quinze dias, hoje ela larga o serviço porque está com um problema no braço e não pode mais passar roupa (o calor do ferro de passar piora a dor dela). Sem falar na faxina propriamente dita, mas a Elizete diz que a faxina não tem problema não. Ela até continuaria a vir limpar a minha casa se eu a dispensasse do serviço de passar roupa. Mas eu não posso pagar outra empregada só para passar. E odeio passar roupa eu mesmo. A Elizete também odeia, tenho certeza. Tanto que ela sempre embaçou pra passar roupa (e isso antes da dor aparecer). Quando eu dizia pra ela dar prioridade pra roupa, que era muita, e não precisava limpar o vidro, por exemplo, ela aparecia com um paninho sujo pra me dizer que a porta estava imunda pelo lado de fora do apartamento. Mas, Elizete, não precisa limpar a porta pelo lado de fora. Ah, mas tava suja. E assim ela deixava sempre a roupa pro final.

Acontece que chegava 8 da noite e ela ainda estava na minha casa passando roupa. E aí começava a reclamar que o marido dela não gostava que ela voltasse tarde pra casa. Algumas vezes eu dizia então pra ela ir embora e deixar o resto da roupa pra outra quinzena. E ela reclamava que o problema era o ferro de passar. Que, se fosse a vapor, ela terminaria mais rápido e voltaria mais cedo pra casa.

Comprei o tal ferro a vapor pra ela. Voltei pra casa tarde e lá estava Elizete passando roupa. Mas esse ferro que você comprou fica com a água muito barulhenta dentro dele. O vapor começou a sair da minha cabeça. Mas ele é mais rápido, Elizete? Ah, é sim.

Descobri então que o problema da Elizete era a inabilidade para administrar o tempo. Isso, numa análise rasa. O problema dela é que ela não gosta de voltar pra casa. Eu mesmo fico em pânico quando tenho que sair da agência mais tarde. Pô, eu tenho vida fora do trabalho. E a Elizete certamente também tem. Mas ela prefere ficar na casa de outra pessoa fazendo faxina até as 9 da noite. Com ou sem ferro de passar a vapor.

Não deve ser fácil ser a Elizete. Não mesmo. Eu, que me vejo reclamando da vida umas treze horas por dia, tento muitas vezes me colocar no lugar dela, que não gosta de voltar pra casa. E eis que a partir de hoje ela deixa de ser minha empregada de quarta-sim quarta-não pra cuidar do braço dela. E eu deixo então este post por aqui pra registrar a passagem da Elizete na minha vida, já que, sabe Deus quando a gente vai se reencontrar neste mundo. Brigadão, Elizete. Vai dar tudo certo!

28 de jan. de 2009

BATEDEIRA NO ALMOXARIFADO

De que serve uma batedeira numa agência de publicidade? Fosse numa editora, eu diria que era pra bater emendas...

26 de jan. de 2009

PRECONCEITO ARTÍSTICO VOL. II

Semiconheci a Beth Guzzo semana passada. Ela é normal! Bom, numa festa de criança num bufê, talvez todos pareçam... Até eu.

PRECONCEITO ARTÍSTICO VOL. I

Quase fui no teatro neste fim de semana. Quase. Mas quem sabe no próximo. Na verdade, tenho um pouco de medo, porque o que eu queria ver (vocês sabem que nutro um certo apreço pelo nível C da farândula) era a Tieta da Tânia Alves. E, depois de ter prestigiado Clodovil Hernandes de quatro no palco (pra não falar das outras coisas que ele fez na peça), tenho medo de passar mais vergonha alheia. Pois, se vocês pararem pra pensar, Tânia Alves é a Leila Lopes de tempos atrás. E pode haver coisa mais constrangedora do que uma Leila Lopes das antigas fazendo um clássico da literatura brasileira? No teatro? Aliás, teatro, por si só, na maioria das vezes — faça-se a ressalva —, já é megaconstrangedor. Mas isso é assunto pra outro post, ainda em elaboração...

Tânia Alves talvez seja uma Leila Lopes de trás pra frente, pensando melhor. Ela começou a carreira dela nos filmes de putaria, afinal. Ela e o suvaco peludo em voga na época. Sem falar que, em todas as novelas, pelo que eu me lembre, Tânia Alves só faz papel de puta. Não é à toa então a escalação pro papel principal de Tieta. É a história da puta que volta da cidade grande pro Agreste. E deve ser um musical. Lógico! A gente não pode se esquecer que Tânia Alves é também cantora. De axé, lambada, forró, bolero... Ela é, portanto, cantriz. Se não bastasse ela, tem também a filha dela: a Gabriela Alves. Tão versátil quanto a mãe.

Tânia Alves é ainda dançarina. Já participou até de um programa no Japão que vi um dia desses no YouTube. Um achado! (Aliás, tem umas homenagens ótimas também, com fotos de arquivo pessoal e tudo. Auto-homenagens?) Enfim, se pra gente já é constrangedor, o que dizer pra alguém do teleférico oriental? Nem o cantor se sentiu à vontade no palco, tenho certeza. Essa brasilidade...

Mas o melhor de tudo foi o que eu li uns tempos atrás na Contigo. Uma matéria simplesmente sensacional: Tânia Alves mostra seu novo apartamento. No meio da reportagem você ficava sabendo que a cantriz havia trocado seu apartamento de 200 e tantos metros quadrados em Ipanema por um de 60, no Recreio dos Bandeirantes, mais intimista. Nova fase.

Bom, pensando melhor, talvez eu deva sim ir no teatro ver a Tânia Alves.

SEM FIM


Será só impressão minha, ou tem mais alguém que também está achando que janeiro NÃO TERMINA NUNCA?

25 de jan. de 2009

455 PALAVRAS

Acorda! Levanta da cama, engole o café e sai de casa correndo porque hoje é seu rodízio e você tem que chegar na Vila Olímpia de busão. Ou se não for rodízio levanta correndo também, você já está atrasado, ninguém mandou ficar até tarde na internet ou no telefone e você não pode se atrasar pro trabalho. Não todo dia. Se for num domingo, aí sim, pode ficar bodeando à vontade, a D-Edge ontem tava da hora e a ressaca não vai te deixar levantar tão cedo. Melhor nem pensar que o carro ficou na Barra Funda, mais tarde você vai buscar. Sussa. Mais café, sorriso pra quem trabalha por perto e você acha um babaca, sai pro almoço, que calor do inferno, come no rodízio, come no quilo, come um pastel, trabalha e volta pra casa no trânsito bizarro. Liga rádio, desliga rádio, abre vidro, fecha vidro. Não é que o tempo virou? Tá chovendo. Que frio é esse? E que ódio ainda estar no trânsito. Duas horas num trajeto de vinte minutos. Você chega em casa e vai tomar banho, ou vai direto pra academia, ou saiu do trabalho e foi comer uma pizza em Pinheiros, ou beber uma cerveja na Vila Madalena. Se for quarta, meia-entrada no Belas Artes. Se for sexta, reúna forças pra ir pra balada. Ou vai beber de novo, ou vai comer fora mais uma vez. Ou desencana. No sábado, se não te chamaram pra trabalhar, você está livre pra fazer o que quiser. A Paulista tá ali, pronta pra ser andada da Consolação à Brigadeiro. Se escolher a Oscar Freire, relaxa que você não é o único que vai sair dali sem nenhuma sacola. Um doce nos Jardins. Livros e DVDs na Fnac. Ou na Cultura. Ou vai pro shopping de uma vez e gasta lá mesmo. Shopping não falta. Meu Deus, como tem shopping. Dá até pra emendar num filme à meia-noite. Ou vai pro Espaço Unibanco. Ou pra pizzaria que você não foi durante a semana. Ou vai de novo. Ou vai em outra. Rolê pela Augusta de noite, tem rua melhor? Vai pra casa, não vai pra casa. Dorme, não dorme. Trepa, não trepa. Não dá pra saber o que fazer. Vai pro Ibirapuera no domingo de manhã. Ou pro Villa-Lobos. Come um açaí perto do parque. Ou vai andar pelo centro vazio. Mas vai com alguém. Tem a feirinha da Liberdade, e já come por lá. Tem o Mercado Municipal. Tem o vão livre do Masp. Até que anoitece na urbe. E a tristeza se faz porque vai começar tudo de novo amanhã. Mas, se é assim há 455 anos, alguma coisa mágica deve ter nisso tudo.

Acho que é São Paulo mesmo.

24 de jan. de 2009

A MULHER, PRA DAR CERTO

A siliconada aspirante a BBB (uma ponta no Zorra Total já estaria de bom tamanho, afinal, é Globo) começou a conversa pelo celular na academia:

— E daí que ele é juiz? Tá cheio de homem bem-sucedido por aí.

E eu prossigo:

— Afinal, o que a gente precisa, não é, amiga, é de um homem bem-sucedido. Um macho que nos provenha de tudo o que a gente quiser. Não basta ser trabalhador, claro que não. Importante é pagar a conta do jantar (num restaurante legal). Tipo assim, não que a gente não queira trabalhar, mas eu vou gastar meu dinheiro comigo. E ele que me banque. Não quer uma gostosa em casa? Décadas e décadas de luta pela emancipação feminina? Bando de lésbica que não tem o que fazer. Bom mesmo é achar um marido rico. Filmes com histórias de amor? Imagina, só serve pra gente assistir num dia de chuva na TV de plasma lá no apartamento dele. Quem que vai se apaixonar pelo que a pessoa é? E se for um hippie? E se for alguém que ainda não descobriu o que quer da vida? A gente que é fêmea quer mesmo é nosso macho bem-sucedido. Senão, o que as outras amigas falariam? O que minha mãe diria? Se a gente não se casar com um homem que deu certo, quem não deu certo foi a gente. Se ele é juiz e não te quer mais, amiga, desencana. Vai procurar outro.

TELEFÉRICO DO BEM

Como eu resolvi não sair de casa hoje à noite, vim aqui fuçar no meu novo brinquedinho. E decidi criar uma seção aí na lateral com uma foto e uma legenda de alguma coisa que eu goste ou ache legal. Pretensioso, self-absorbed? Lógico. E não é esse o princípio básico dos blogs?

Mas tenho que confessar que a tentação maior era de criar uma seção do tipo "Coisas que eu odeio" ou "Coisas que me irritam" (talvez eu ainda faça, se me conheço bem). Mas por ora resolvi me render ao Segredo da Rhonda Byrne e dar um sossego pro Hitler (se bem que ele tá aqui do lado, achando tudo isso uma grande besteira). Afinal, como conversava no réveillon de outubro, se tem um teleférico que temos relutado em pegar é esse, o teleférico da positividade. O teleférico do bem.

23 de jan. de 2009

EMBARCANDO NA ESTAÇÃO

Como diria a saudosa Carmen Miranda: "Taí". Com uns anos a mais no lombo e uns tantos fios de cabelo a menos na cabeça, tô recomeçando um blog novinho em folha — para a alegria dos antigos leitores da arena (se é que havia leitores; pelo que eu sei, só o Maurício e a Gisele acompanhavam as peripécias do lagarto... um beijo no coração de vocês :p).

Enfim, cá estamos, e não foram poucas as razões que me fizeram sentar também neste teleférico, entre tantos outros em que eu tenho embarcado ultimamente.

me: estoy aqui, queriendote
tô ensaiando um blog
acho q eh um jeito de get started

Mariana: ache prazer no que vc for fazer
comece a escrever sem objetivo
só por escrever mesmo

me: vejamos
problema eh fazer nao virar obrigacao

Mariana: isso
acho q esse é O segredo

Bom, se é O segredo, não sei. Só sei que deu vontade de abrir o blog, e um pouco da sensação de que isso talvez ajude em alguma coisa. =D Afinal de contas, como aconteceu ontem e hoje na hora de me levantar, percebi que, se fosse pela inércia, eu ficaria ali mesmo olhando o teto. E isso ia adiantar de quê, se eu tinha que vir trabalhar?

O jeito então é apertar o cinto, ou melhor, fechar a trava de metal! Caso contrário...

PS: Por enquanto o layout fica assim mesmo, cruzão. Mas, com o tempo, pretendo ir dando uma requintada! Aliás, uma mão amiga é sempre bem-vinda nessas horas!