25 de jan. de 2009

455 PALAVRAS

Acorda! Levanta da cama, engole o café e sai de casa correndo porque hoje é seu rodízio e você tem que chegar na Vila Olímpia de busão. Ou se não for rodízio levanta correndo também, você já está atrasado, ninguém mandou ficar até tarde na internet ou no telefone e você não pode se atrasar pro trabalho. Não todo dia. Se for num domingo, aí sim, pode ficar bodeando à vontade, a D-Edge ontem tava da hora e a ressaca não vai te deixar levantar tão cedo. Melhor nem pensar que o carro ficou na Barra Funda, mais tarde você vai buscar. Sussa. Mais café, sorriso pra quem trabalha por perto e você acha um babaca, sai pro almoço, que calor do inferno, come no rodízio, come no quilo, come um pastel, trabalha e volta pra casa no trânsito bizarro. Liga rádio, desliga rádio, abre vidro, fecha vidro. Não é que o tempo virou? Tá chovendo. Que frio é esse? E que ódio ainda estar no trânsito. Duas horas num trajeto de vinte minutos. Você chega em casa e vai tomar banho, ou vai direto pra academia, ou saiu do trabalho e foi comer uma pizza em Pinheiros, ou beber uma cerveja na Vila Madalena. Se for quarta, meia-entrada no Belas Artes. Se for sexta, reúna forças pra ir pra balada. Ou vai beber de novo, ou vai comer fora mais uma vez. Ou desencana. No sábado, se não te chamaram pra trabalhar, você está livre pra fazer o que quiser. A Paulista tá ali, pronta pra ser andada da Consolação à Brigadeiro. Se escolher a Oscar Freire, relaxa que você não é o único que vai sair dali sem nenhuma sacola. Um doce nos Jardins. Livros e DVDs na Fnac. Ou na Cultura. Ou vai pro shopping de uma vez e gasta lá mesmo. Shopping não falta. Meu Deus, como tem shopping. Dá até pra emendar num filme à meia-noite. Ou vai pro Espaço Unibanco. Ou pra pizzaria que você não foi durante a semana. Ou vai de novo. Ou vai em outra. Rolê pela Augusta de noite, tem rua melhor? Vai pra casa, não vai pra casa. Dorme, não dorme. Trepa, não trepa. Não dá pra saber o que fazer. Vai pro Ibirapuera no domingo de manhã. Ou pro Villa-Lobos. Come um açaí perto do parque. Ou vai andar pelo centro vazio. Mas vai com alguém. Tem a feirinha da Liberdade, e já come por lá. Tem o Mercado Municipal. Tem o vão livre do Masp. Até que anoitece na urbe. E a tristeza se faz porque vai começar tudo de novo amanhã. Mas, se é assim há 455 anos, alguma coisa mágica deve ter nisso tudo.

Acho que é São Paulo mesmo.

6 comentários:

Heitor Nunes disse...

E é só por isso que eu adoro este lugar!! :))

Anônimo disse...

deninho, denaum, morro de medo de altura e JAMAIS pensei que fosse gostar tanto de um teleférico! =)

e adorei o teleférico do bem! haha! e alfajor havana... ô, jesuis!

e adorei tb esse post aí.

um beijinho.

Anônimo disse...

numa dessas, meu carro foi guinchado.

Denis disse...

Hihihohiho (risada maligna)... Foi estacionar onde não devia! Do fundo do meu coração, eu sinto um certo prazer ao ver carros sendo guinchados! Mas imagino que, na hora que o senhor tenha estacionado, não fosse proibido (eu li o relato no Palmitos)... =S

Enfim, acontece. Mas a dor de cabeça depois deve ser tão grande. Melhor não pensar! Just do it.

Anônimo disse...

...por alguns dos itens sitados que eu me vejo morando em Floripa muito em breve...

Mariana disse...

Aeeeeeeeeeeee amei! Nossas vidas descritas!