Hoje foi o último dia da Elizete aqui em casa. Depois de mais de dois anos vindo fazer a faxina a cada quinze dias, hoje ela larga o serviço porque está com um problema no braço e não pode mais passar roupa (o calor do ferro de passar piora a dor dela). Sem falar na faxina propriamente dita, mas a Elizete diz que a faxina não tem problema não. Ela até continuaria a vir limpar a minha casa se eu a dispensasse do serviço de passar roupa. Mas eu não posso pagar outra empregada só para passar. E odeio passar roupa eu mesmo. A Elizete também odeia, tenho certeza. Tanto que ela sempre embaçou pra passar roupa (e isso antes da dor aparecer). Quando eu dizia pra ela dar prioridade pra roupa, que era muita, e não precisava limpar o vidro, por exemplo, ela aparecia com um paninho sujo pra me dizer que a porta estava imunda pelo lado de fora do apartamento. Mas, Elizete, não precisa limpar a porta pelo lado de fora. Ah, mas tava suja. E assim ela deixava sempre a roupa pro final.
Acontece que chegava 8 da noite e ela ainda estava na minha casa passando roupa. E aí começava a reclamar que o marido dela não gostava que ela voltasse tarde pra casa. Algumas vezes eu dizia então pra ela ir embora e deixar o resto da roupa pra outra quinzena. E ela reclamava que o problema era o ferro de passar. Que, se fosse a vapor, ela terminaria mais rápido e voltaria mais cedo pra casa.
Comprei o tal ferro a vapor pra ela. Voltei pra casa tarde e lá estava Elizete passando roupa. Mas esse ferro que você comprou fica com a água muito barulhenta dentro dele. O vapor começou a sair da minha cabeça. Mas ele é mais rápido, Elizete? Ah, é sim.
Descobri então que o problema da Elizete era a inabilidade para administrar o tempo. Isso, numa análise rasa. O problema dela é que ela não gosta de voltar pra casa. Eu mesmo fico em pânico quando tenho que sair da agência mais tarde. Pô, eu tenho vida fora do trabalho. E a Elizete certamente também tem. Mas ela prefere ficar na casa de outra pessoa fazendo faxina até as 9 da noite. Com ou sem ferro de passar a vapor.
Não deve ser fácil ser a Elizete. Não mesmo. Eu, que me vejo reclamando da vida umas treze horas por dia, tento muitas vezes me colocar no lugar dela, que não gosta de voltar pra casa. E eis que a partir de hoje ela deixa de ser minha empregada de quarta-sim quarta-não pra cuidar do braço dela. E eu deixo então este post por aqui pra registrar a passagem da Elizete na minha vida, já que, sabe Deus quando a gente vai se reencontrar neste mundo. Brigadão, Elizete. Vai dar tudo certo!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Espero que ela não sofra violência doméstica em casa... sabe que tem gente que faz essas coisinhas, aparentemente pequenas, para fugir de verdadeiros infernos particulares... já conheci pessoas assim.
Eu tinha a Judite. Que tb me deixou... :/
A Odete tá com a gente há sete anos!
bonne histoire!
faça como eu: use roupa sem passar.
Postar um comentário